Dias contados - Parte I

Estava frio e chuvoso em Moustville. A chuva aumentava e o vento já não era mais brisa. Não havia ninguém na rua, não houve aula. Eu estava em casa, deitada, escrevendo no meu diário.

- Lunna, Lunna! O jantar está pronto! - Gritou minha mãe

Eu desci as escadas e vi um rapaz, da minha idade, de óculos escuros, touca, cachecol e luvas pretas sentado a mesa. Não dava pra ver o rosto dele.

- Com licença, - eu disse - mas, quem é você?

Ele olhou para mim com uma cara assustadora e olhou para minha mãe, que disse:

- Ele é o Frederick, filho de uma amiga minha. Ele vai ficar uns meses aqui, porque sua mãe vai viajar, e seu pai está morto. Ela me pediu para ele ficar aqui, e eu aceitei.

- Por favor, - disse ele - me chame de Fred.

- Eu sou Lunna, mas gosto que me chamem de Lu - eu disse.

Estávamos jantando meu prato favorito: Torta de maçã. Maçã é minha fruta preferida. Me lembra amor, felicidade. Era o que eu achava nessa época.

Nesse dia não consegui dormir. Era como se Fred estivesse do meu lado, me cutucando, mas quando eu virava, não havia nada. Amanheceu e a chuva havia melhorado, mas o vento continuava forte. Levantei com frio e coloquei uma blusa de lã e uma calça legue comprida. Peguei meu material escolar e desci para tomar café. Mas Fred também estava arrumado e com uma mochila. Perguntei a minha mãe por que ele estava assim, e ela disse que ia para a escola comigo. Ele estava com óculos escuros.

- Por que está com óculos escuros, Fred? - perguntei

- Porque não gosto de expor meus olhos.

Olhei para ele com uma cara estranha e fiquei encarando-o. Terminei de tomar café e ele já estava me esperando na porta. Saímos e fomos pra escola. De longe, eu vi minhas amigas: Fanny, Giulia, Nathalie e Christine. Corri e acabei esquecendo do Fred, que correu atrás de mim.

- Oi pessoas! - eu gritei, feliz

Elas ficaram olhando, mas percebi que não estavam olhando para mim. Olhei para trás e lá estrava o Fred.

- Amiga, quem é o gatinho? - Sussurrou Nathalie

- É filho de uma amiga da minha mãe. Vai ficar na minha casa por um tempo.

- Sortuda! - Disse Christine, mas em voz alta

- Chris! - Nós gritamos

Fred não se movia, mas soltou um grande sorriso. Seus dentes brilhavam como a luz do sol.

Não pude deixar de apresentar o Fred a cada uma das meninas:

- A ruiva é a Fanny, a gordinha é a Giulia, a loira é a Nathalie e a magrelinha de óculos é a Christine. Os apelidos delas são:

- Fafs! - disse Fanny

- Gi ou Ju! - disse Giulia

- Nath! - disse Nathalie

- Chris! - disse Christine

- Eu sou o Frederick, ou Fred, prazer! - disse ele

Tocou o sinal e tivemos que ir para sala. Como a minha dupla havia saido da escola, deixei Fred sentar ao meu lado. Ele tirou suas luvas, e quando olhei para sua mão, havia uma marca, do formato de uma lua e um sol. O professor Karl Gautour apresentou Fred para a sala e pediu que ele tirasse os óculos. Quando ele tirou, meu Deus, os olhos dele eram vermelhos. A sala toda engasgou a fala e não quiseram tentar desengasgar. Houve um silêncio profundo que parecia que só Fred poderia retirar, mas não foi bem isso o que ele fez...

CONTINUA